AH, SE UM DE VOCÊS FECHASSE AS PORTAS DO TEMPLO!



“Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e não aceitarei as suas ofertas” (Malaquias 1:10). O ano era, provavelmente, 433 a.C. Israel voltara do exílio babilônico, o templo fora reconstruído, mas a vida não era majestosa como antes. Sabiam que não passavam de uma província periférica do Império Persa. Israel já não levava tão a sério a Lei. O culto, que ofereciam a Deus, consistia, apenas, em repetições desanimadas de um ritual formal.     

A quem Deus dirigira tão duras palavras? O texto responde: “a vocês, sacerdotes” (Malaquias 1:6). Os sacerdotes já não davam a devida honra a Deus. O texto diz que desprezavam o nome do SENHOR ao permitirem animais cegos, aleijados, roubados e doentes para o sacrifício, que era o centro do culto, na época do Antigo Testamento (Malaquias 1:6-9). Seu ritual apontava para a morte de, nada menos que, o Filho de Deus, na cruz, e por isso o animal deveria ser sem defeito e de muito valor para aquele que o ofertava.    

Por esse texto, observa-se que pesava sobre os ombros dos líderes religiosos muitas responsabilidades ante a Deus e aos que lideravam. Esperava-se deles que fossem pessoas chamadas e consagradas para a vocação pastoral, dedicadas à vida de oração e ao estudo das Escrituras sagradas. Sobre isso, Deus diz por meio de Malaquias: “porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e de sua boca todos esperam a instrução na Lei, porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos. Mas vocês se desviaram do caminho e pelo seu ensino causaram a queda de muita gente...” (Malaquias 2:7,8). 

Seria essa mensagem atual para a Igreja de nossos dias? Ainda no primeiro século, Jesus falou de homens maus que se diziam apóstolos, mas na verdade, eram impostores (Apocalipse 2.2). É fato que, hoje, já não há sacerdotes na Igreja de Cristo, pois, segundo o Apóstolo Pedro, cada cristão é um sacerdote diante de Deus, eleito “para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9). De modo que cada um de nós precisa considerar a responsabilidade desse chamado. A responsabilidade de ser luz nas trevas (Mateus 5.14-16).  

Se a cada cristão implica em considerar tais palavras, dirigidas aos sacerdotes da época pós exílio, o que dizer daqueles que os lideram? Para aqueles sacerdotes Deus disse: “vocês se desviaram do caminho...”. Seria difícil, hoje, encontrar líderes religiosos para os quais essas palavras cairiam tão bem? Seria difícil, hoje, notar que muitos líderes religiosos se afastaram do modelo, que é Cristo, e se seduziram com o conceito de sucesso do mundo, tornando-se celebridades? Cheios de si e vazios de Deus, consideram que o importante não é evangelizar, levar pessoas a se converterem a Jesus, mas encher os templos.

Longe da vida de oração e da reflexão na Palavra, muitos líderes religiosos, atuais, perderam a visão do Deus da Revelação. O deus a quem cultuam e ensinam não passa de um ser de sua imaginação, uma projeção de seu eu caído, um deus customizado, domesticado. Por isso transformaram a Igreja em verdadeiros centros de entretenimento e consumo. “Igrejas shopping center”, onde os cristãos não vão mais para adorar a Deus, mas consumir novidades como artigos religiosos, palestras, conferências, seminários, cursos diversos, músicas, livros, pregadores e cantores do momento. 

Gananciosos e desejosos de poder, por meio de manobras regimentais, tomam a igreja da igreja e se tornam seus donos. Muitas congregações religiosas, hoje, são propriedades de um líder religioso que as toca como um negócio. Sem conexão com uma tradição teológica e até mesmo com as origens apostólicas, são comunidades da cabeça de um homem que, no fundo, está em busca de fama, poder e dinheiro. Os cultos são cheios de sensações sonoras e visuais para satisfazer os desejos estéticos dos que frequentam. As pregações são palavras de autoajuda e conforto, entregues em belas embalagens homiléticas, mas distantes do evangelho da cruz. São cultos não a Deus, mas ao ego humano. 

“Pelo seu ensino causaram a queda de muita gente (v.1:9)”... Quantas pessoas já abandonaram a Igreja ou estão abandonando-a nesse momento? Esses líderes prestam um desserviço ao Evangelho. Aviltam e desonram a Igreja de Cristo. Não deveríamos ser mais cuidadosos com as preciosidades da revelação de Cristo em nós? O que disse o Apóstolo Paulo sobre o ministério que Deus lhe concedeu? Veja: “não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus... ele mesmo brilhou em nossos corações, para a iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. Mas temos esse tesouro em vasos de barro...” (2Coríntios 4.2,6,7).

Antônio Maia – M. Div.

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