NOVO CÉU E NOVA TERRA
No início do ano de 2022, milhões de pessoas, em todo o mundo, entraram
em confinamento social por causa da pandemia de coronavírus, a covid 19. Uma
das consequências desse fato foi a considerável redução do nível de dióxido de
carbono na atmosfera do planeta. O ar ficou mais puro e limpo e as paisagens
mais nítidas por causa da diminuição da poluição em decorrência da redução da
atividade industrial e do sistema humano. Isso fez lembrar um tema teológico
pouco falado na Igreja, mas de grande relevância, no contexto da profecia
bíblica, pois constitui a consumação do plano divino de redenção da humanidade
e do cosmos: “novos céus e a nova terra”.
Segundo a Escritura, após concluir a criação do mundo e do homem, “Deus
viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom...” (Gênesis1:31).
Não apenas o homem fora criado perfeito, mas também o próprio cosmos. Ocorre,
porém, que o homem, no Éden, estava em um estado de provação e veio a cair.
Assim, após o seu pecado, tanto a natureza humana quanto a Criação se
desestruturaram. “A transgressão de Adão interrompeu toda a ordem de coisas que
Deus havia criado” (PACKER, 2017, p.1092). E por isso Deus disse a Adão:
“maldita é a terra por sua causa”. O cosmos perdeu sua harmonia e se tornou um
lugar perigoso e de sofrimento.
Essa ideia de desestruturação do cosmos está presente ao longo da
Bíblia. O Apóstolo Paulo, por exemplo, fala que “a natureza criada... foi
submetida à inutilidade”, isto é, não cumpre mais o propósito para a qual foi
criada. Ela se encontra em um estado de “escravidão da decadência” e “geme até
agora, como em dores de parto” (Romano8:18-22). Parker (2017, p.1058), falando
sobre isso, afirma que “Paulo estava dando a entender que a criação (isto é, a
natureza) retrocedera para o caos”, o que explica a natureza selvagem e
sanguinária dos animais (cf Isaías11:6-9), os terremotos, as epidemias e outras
inquietações da Criação.
Por essa razão se observa, ao longo da Escritura, passagens que falam da
restauração desse universo. O profeta Isaías vai ser o primeiro a falar de
“novos céus e nova terra” (65:17; 66:22). Depois, o Senhor Jesus fala de um
tempo de “regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar
em seu trono glorioso” e de um “Reino que lhes foi preparado desde a criação do
mundo” (Mateus 19:28; 25:34). E o Apóstolo Pedro também falou: “esperamos novos
céus e nova terra, onde habita a justiça” (2Pedro3:13).
Mas para que a redenção da Criação divina (cosmos e humanidade) aconteça
é preciso que venha a Grande Tribulação, sobre a qual falou Jesus
(Mateus24:21), e na qual este mundo e o sistema humano serão destruídos e Deus,
então, estabelecerá uma nova ordem de coisas. O Apóstolo Pedro apresenta um
vislumbre desse acontecimento. Ele diz: “os céus e a terra que agora existem
estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e destruição dos
ímpios... O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com
um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo
o que nela há, será desnudada (2Pedro3:7-13).
É preciso que essa terra seja destruída e restaurada, pois ela não
comporta a humanidade em seu estado de glória. Após a ressurreição, os homens
terão um corpo semelhante ao de Jesus, glorificado. Veja o que diz Paulo: “pelo
poder que o capacita colocar todas as coisas debaixo de seu domínio, ele
transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhante ao seu corpo
glorioso” (Filipenses 3:21). Outra razão é que nos “novos céus e na nova
terra”, o próprio Criador estará presente. João diz: “o tabernáculo de Deus
está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão o seu povo, o próprio
Deus estará com eles e será o seu Deus” (Apocalipse 21:3).
É altamente relevante o fato de que a Escritura termina com a humanidade
e o universo restaurados, em um estado superior ao do Éden. Superior porque a
condição de glória e perfeição humanas dispensa a necessidade de provação como
no início. Adão caiu, mas Cristo, “o último Adão” (1Coríntios 15:45),
representando a humanidade, venceu o pecado e a morte e abriu um caminho que
leva o homem de volta a Deus. Observe que na nova Jerusalém é marcante a
presença da “árvore da vida”, mas não há, nela, a “árvore do conhecimento do
bem e do mal” (Apocalipse 22). É preciso atentar com temor as palavras “do que
está assentado no trono”, que diz: “estou fazendo novas todas as coisas”
(Apocalipse 21:5).
Antônio Maia - M. Div.
Direitos autorais reservados
PACKER, James I. Vocábulos de Deus. São Paulo1
Comentários