A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NOS EVANGELHOS
No texto anterior, tratamos a ressurreição de Cristo a partir do pensamento de Paulo e, sucintamente, citamos João. Neste, abordaremos essa questão segundo o que dizem os autores dos quatro evangelhos. Um novo texto sobre esse assunto se justifica, devido à sua considerável abrangência; tanto que os conteúdos desta postagem e da anterior constituem apenas uma breve introdução ao tema.
A ressurreição de Cristo está presente em todo o Novo Testamento. Ela é mencionada, explicitamente, em dezessete livros e, implicitamente, nos demais. Todos os quatro evangelistas dedicaram parte de seu evangelho para apresentar detalhada narrativa desse acontecimento. Também foi, abertamente, ensinada por Jesus (Marcos 12.18-27) não apenas teoricamente, mas com demonstrações práticas de poder, ao ressuscitar três pessoas (Marcos 5.21-24, 35-43; Lucas 7.11-17 e João 11.1-44).
No entanto, essas ressurreições que Ele realizou, durante seu ministério, não foram semelhantes à sua, pois as pessoas, que retornaram à vida, tiveram que enfrentar a morte novamente. Foram milagres que apontavam para a nova realidade de existência que se abriu para o homem no evento cósmico de sua ressurreição, inaugurando um novo gênero de vida humana, liberto do poder do pecado e da morte. Na ressurreição, Jesus alcançou um horizonte que ultrapassa a experiência terrena, pois mesmo estando no mundo, já não mais pertencia a ele; tanto que, após quarenta dias com os discípulos, depois de ressurreto, ascendeu aos céus (Atos 1.3,9-11).
Enquanto estava com os discípulos, próximo de seu fim, Jesus os avisou, três vezes, que morreria, mas ao terceiro dia, ressuscitaria (Marcos 8.31;9.31;10.33,34). Após a última ceia, já em Jerusalém, antes de ser preso, disse a eles: “depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia” (Marcos 14.28). Jesus sabia que ia morrer e ressuscitar. Isso, porém, não nos autoriza a pensar que seria fácil para Ele esse destino. Veja a sua oração, no Getsêmani: “meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice...”. E na cruz, Ele orou nesses termos: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”.
A morte e a ressurreição de Cristo foram um desfecho inesperado para os discípulos. Eles imaginavam que Jesus ia tomar o poder dos romanos e restaurar o reino de Israel. Tanto que os discípulos de Emaús disseram: “nós esperávamos que Ele ia trazer a redenção de Israel”. Mas, em vez disso, Jesus morreu e eles ficaram desnorteados. Quando, porém, o viram ressuscitado, a incompreensão se transformou em assombro. Os quatro evangelistas registram esse sentimento nas pessoas que foram até ao túmulo vazio.
Antônio Maia – M.Div
Direitos autorais reservados
Comentários