A VIDA SANTA
“Portanto,
visto que Cristo padeceu por nós no seu corpo, armai-vos também vós deste mesmo
pensamento, porque aquele que padeceu no corpo já rompeu com o pecado. Então,
no tempo que vos resta no corpo não vivam mais segundo os desejos dos homens,
mas segundo a vontade de Deus” (1Pedro4.1-2). Ao lermos este texto de Pedro,
perguntamos se há em nós, no nosso íntimo, disposição para a vida santa.
Deveria
haver, pois é isso que recomenda esse Apóstolo. Sabemos que já vivemos a
devoção a Deus por meio da reflexão na Palavra, da oração, da comunhão com os
irmãos, das celebrações cúlticas no templo. Tudo isso é muito bom, desejável e
até prazeroso. Mas a busca pela vida santa, no íntimo, constitui outra área da
vida espiritual, marcada pela renúncia ao pecado, o que envolve um certo
esforço pessoal, sacrifício e até sofrimento. Fazer isso significa imitar a
Cristo em sua renúncia ao pecado.
É
fato que vivemos uma vida bem diferente da que vivíamos antes de conhecer a
Cristo. Vivemos uma vida voltada para a santidade. Mas ainda habitamos em um
corpo que clama pelo pecado. O próprio Apóstolo Paulo afirma que o pecado
habita em nós (Romanos 7.21). No entanto, por causa do sacrifício de Cristo,
somos alvos de sua graça de modo que o pecado não tem mais domínio sobre nós,
isto é, já estamos salvos pela graça de Deus.
Por
essa razão diz Paulo: “não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal,
para obedecerdes aos seus desejos” (Romanos 6.12). Desse modo, renunciar o
pecado tem, de nossa parte, um sentido de resposta de amor a Cristo pelo o que
Ele fez por nós na cruz. Neste ponto, como já dito, essa é uma outra área da
espiritualidade cristã. Mais íntima, mais profunda e pessoal, na qual o
Espírito nos ajuda, mas que demanda, sim, certo esforço de nossa parte.
Sim,
isso está de acordo com o ensino de Jesus. Veja o que Ele disse: “amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de toda as tuas forças” (Marcos 12.30). No entanto, é preciso
que se entenda que sempre que procuramos parar de pecar por nossos esforços, aí
é que pecamos, pois não temos força espiritual para vencer a velha natureza
pecaminosa. Então, quando dizemos “esforço”, entenda-se como a disposição
contínua para andar em santidade com a ajuda do Espírito e oração. Sim, falar
com Deus nos aproxima dele e nos fortalece para vencer o pecado.
Todo
cristão verdadeiro, aquele que experimentou o “novo nascimento” (João 3.1-8) e
foi “gerado de novo” (1Pedro 1.3) tem uma inclinação e um desejo para a vida
santa. Isso é fruto da metanóia, isto é, da nova mente, nova mentalidade
adquirida no momento de sua entrega pessoal e definitiva a Deus. A atitude e o
sentimento de arrependimento dos pecados passado dominam aquela experiência, de
maneira que é natural para o cristão essa aspiração à santidade.
Mas
o pecado, por vezes, vem à nossa vida diária por causa do mal, da cobiça, da
natureza humana caída que ainda há em nós (Romanos 7.21). Por essa razão Tiago
diz: “cada um, porém, é tentado por sua própria cobiça, quando essa o atrai e
seduz” (Tiago 1.14). Paulo também, neste contexto, afirma: “a carne deseja o
que é contrário ao Espírito” (Gálatas 5.17). Quando ele diz “carne”, entenda-se
como a “natureza humana”.
Assim,
o Apóstolo aos Gentios nos mostra o caminho do esforço que temos que fazer:
“digo, porém, andai em Espírito e não satisfareis os desejos da carne” (Gálatas
5.16). Sim, viver segundo a orientação do Espírito nos faz vencedores sobre o
pecado e praticar o que esse Apóstolo recomendou: “ele morreu por todos, para
os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e
ressurgiu” (2Coríntios5.15). É nisso que consiste a vida santa.
Antônio
Maia – Ph.B., M. Div.
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Reflexivo e desafiador. Tudo que nós cristãos necessitamos a cada dia para mantermos nossa convicção de santidade perante o Deus Santo.
Rev. Dilécio