AS TENSÕES INTERNAS DOS CRISTÃOS
De acordo com o Apóstolo Paulo, “já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”, pois Este, graciosamente, por meio de seu sacrifício, os justifica diante da Lei de Deus (Romanos 8:1-4). Essa condição, contudo, não implica que os cristãos estejam livres de pecar. O próprio Apóstolo confessou: “no íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros” (Romanos 7:22,23).
Sim, os cristãos vivem esse conflito interno. Embora já estejam salvos da morte eterna e vivam uma nova vida com Deus, neste mundo, podem cair em tentações e pecar. Quando isso ocorre, eles sofrem, visto que o desejo de seus corações é viver em santidade diante de Deus. Isso não pode ser confundido com o moralismo religioso que busca justificação, pois Cristo já os isentou das “justas exigências da Lei” (Romanos 8:4). Pois ao cumprir a Lei, Ele tornou seus discípulos também cumpridores.
Assim, em Cristo, os cristãos “não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Romanos 6:14). Foram feitos “escravos da justiça” (Romanos 6:18) e por isso buscam viver em santidade de vida. Sua relação com a Lei é uma atitude de inspiração, pois, como diz o Apóstolo Paulo, a Lei é santa (Romanos 7:12). Assim, os cristãos se inspiram em sua santidade por amor a Deus e não por legalismo religioso (Romanos 6:17), isto é, buscando a salvação pelo cumprir a Lei, pois já estão salvos em Cristo pela fé.
Essas tensões são reais e não poucas vezes os cristãos caem em pecado. Paulo, em uma posição de muita humildade, falou sobre sua experiência íntima: “porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo” (Romanos 7:18,19). A esse respeito, o Apóstolo João escreveu: “se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1João 1:10).
Paulo explica esse conflito: “a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam” (Gálatas 5:17). Embora o espírito do homem tenha sido despertado e vivificado para a vida com Deus, no novo nascimento, ainda há nele uma natureza pecaminosa – a carne - que luta contra o Espírito. Por isso Paulo exorta: “vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gálatas 5.16).
Essa tensão, é preciso ser sincero, gera certo desconforto, pois os
cristãos estão sempre sujeitos a dois apelos conflitantes. o Apóstolo Paulo,
então, orienta-os para que sejam guiados pelo Espírito, isto é, que deem
atenção à sua voz e sua orientação que vêm pela oração e reflexão na Palavra.
Se a tensão é presente, significa que o cristão não se entregou aos apelos da
“carne”. Assim, fica o conselho desse Apóstolo: “pois se vocês viverem de
acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do
corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus” (Romanos 8:13).
Antônio Maia – M.Div
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