APOCALIPSE: INTERPRETAÇÕES


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APOCALIPSE: INTERPRETAÇÕES
O livro de Apocalipse apresenta uma complexa narrativa. Seu texto contém elementos da literatura epistolar, apocalíptica e profética. Por isso recebe uma diversidade de interpretações. Há quem o veja em uma perspectiva, meramente, idealista. Isto é, ele não trata de acontecimentos históricos. Seus quadros simbólicos contêm, apenas, verdades espirituais referentes ao conflito entre o Reino de Deus e as forças espirituais do mal. É claro que essa é uma interpretação precária, pois é fácil observar, nesse texto joanino, a existência de eventos passados e futuros em sua narrativa.

Outros, dentro de uma visão preterista, defendem que ele foi escrito para encorajar a igreja do primeiro século que passava por perseguições. Estudiosos do texto grego, na Europa, aceitam essa interpretação. É fato, e o próprio texto confirma, que esse livro foi escrito para as “...sete igrejas da província da Ásia” (1.4). Também é aceitável supor que a igreja primitiva tenha se visto na trama do Apocalipse e se fortalecido com a mensagem da vitória de Deus sobre o mal. Mas, por tratar-se de uma profecia (1.2;22.7), ao mesmo tempo que fala aos de sua época, lança luzes sobre o futuro. 

Já a principal forma de interpretação dos reformadores da igreja, no século XVI, situa-se dentro de uma visão histórica. Nesta, a narrativa do Apocalipse corresponde à história do mundo e da Igreja, desde o seu início até à volta de Cristo. Só os capítulos 19 a 22 se referem a eventos futuros. Embora esse método de interpretação tenha sido dominante por muito tempo, no meio protestante, os estudiosos encontram dificuldades em relacionar os eventos históricos com as profecias apocalípticas. 

Há ainda outra interpretação: a futurista. Nesta, a maior parte dos eventos se refere ao fim dos tempos (4 a 22). O livro trata de Israel e sua restauração. A igreja é tirada do mundo antes da grande tribulação. Embora literalista, adota interpretação simbólica em eventos importantes para seu esquema: as sete igrejas da Ásia simbolizam as fases da história eclesiástica; e a “subida” de João para o céu (4.1) representa o arrebatamento da igreja. O texto, contudo, não fornece elementos para embasar tais conclusões. Só João sobe para receber a profecia e as igrejas são reais, concretas e existiam na área em que João era bispo.    
  
Como observado, todas as opções acima apresentam dificuldades hermenêuticas. Por isso, é preciso humildade diante do texto bíblico e se contentar com o que nele está escrito. A autoridade é o texto sagrado e não quem o interpreta. O leitor deve ter a preocupação de enxergar, no texto, o mundo que dele emerge e não o seu próprio. Esse livro do Apóstolo João é uma epístola apocalíptico-profética escrita para encorajar a igreja que sofria, no primeiro século, e revelar à igreja de todas as eras a vitória de Deus sobre o mal.  
ANTÔNIO MAIA
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