OS ANJOS NA IGREJA PRIMITIVA
Há quem veja o cristianismo como uma religião muito boa e que traz paz
ao homem. De fato, a fé cristã tem esse lado de confortar o coração aflito.
Contudo, as Escrituras mostram que o cristianismo é mais que isso: é o
movimento de Deus em direção à humanidade para resgatá-la do poder do pecado e
das trevas. Tal ação, porém, ocorre em meio a adversidades. O Apóstolo Paulo,
por exemplo, vê, na atividade da pregação do evangelho, uma luta “contra as
forças espirituais do mal” (Efésios6:12). É nesse contexto que se encontra a
ação dos anjos na igreja primitiva.
De acordo com o autor de Hebreus, os anjos são “espíritos ministradores
enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação” (1.14). Assim, Deus
os usa para ajudar seus servos na luta pela implantação de seu Reino. Isso pode
ser visto, claramente, no livro de Atos, no começo da igreja de Cristo. Logo no
início do livro, após a ascensão de Jesus, os apóstolos ficaram olhando para o
alto como sem saber o que fazer e, então, dois anjos aparecem a eles e lhes
falaram palavras de estímulo, fazendo-os ver que aquele momento não significava
o fim de tudo o que viram (1:9).
Após a decida do Espírito Santo sobre os discípulos, no Pentecoste
(Atos:2), eles começaram a anunciar o evangelho, mas isso teve consequências.
Os apóstolos, cheios de poder espiritual, realizavam curas e outros “sinais e
maravilhas” de modo que “em número cada vez maior, homens e mulheres criam no
Senhor”. Então, o sumo sacerdote, com inveja, mandou prendê-los, “mas durante a
noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere, levou-os para fora e disse:
“Dirijam-se ao templo e relatem ao povo toda a mensagem desta Vida”
(Atos5:12-20).
O religioso vê o cristianismo apenas como uma boa religião. Não enxerga
esse lado da luta da luz contra as trevas que a fé cristã traz em seu contexto.
Mas nos primeiros anos da igreja, os milagres e as ações angelicais, na
atividade de evangelização, eram intensos. Lucas, em seu evangelho, narra que
Filipe depois de anunciar Cristo e realizar “sinais miraculosos”, em Samaria,
um anjo lhe apareceu e o orientou para ir à estrada que liga Jerusalém a Gaza
para evangelizar uma autoridade da Etiópia. De acordo com o texto, após batizar
aquele etíope, “O Espírito do Senhor arrebatou Filipe” e o fez aparecer em
Azoto, na direção de Cesaréia, onde manteve-se evangelizando (Atos8).
Foi também graças a ação de anjos que Pedro levou o evangelho ao capitão
Cornélio, do exército romano. Isso teve um significado inédito: o Reino de Deus
não era só para os judeus, mas também para os gentios (Atos10). Ainda no
contexto da luta espiritual daquela época, Lucas registrou que Herodes,
perseguidor da igreja, ao aceitar ser aclamado pelo como um deus, um anjo da
parte do Senhor o feriu mortalmente (12.23). Então é preciso que se saiba que a
fé em Cristo tem esse lado de luta da luz contra as trevas. Foi nesse sentido
que Jesus disse: “...não vim trazer paz, mas espada” (Mt10.34). Fica o conselho
do autor de Hebreus: “não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que,
sem o saber, alguns acolheram anjos (13.2).
Antônio Maia – M.Div
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