O QUE É O HOMEM?



“Quando contemplo os teus céus, obras dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: que é o homem para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele se preocupes?” (Salmo 8:3,4). Esses versos da literatura sapiencial dos hebreus mostra o espanto do ser humano ao tomar consciência de si ante à imensidão do universo. Essa percepção o leva a descobrir o mistério de si mesmo e a formular a grande questão da humanidade: “que é o homem?”. Através dos séculos o homem tem tentado respondê-la, mas sem sucesso. Ainda hoje, o homem é um mistério para ele mesmo. Não sabe o que é, qual a sua origem e o seu destino, qual a razão de sua existência.

Por dois milênios e meio, a Filosofia estudou essa questão, até que, em meados do século XX, por não chegar a uma conclusão, o filósofo francês, existencialista, Jean Paul Sartre afirmou que, no tocante ao homem, “a existência precede a essência” [1]. Isto é: o ser humano é “um ser que existe antes de ser definido por algum conceito... o homem nada é além do que ele se faz”. Para esse filósofo o ser humano é um projeto de si mesmo e não nasce com uma essência, pois não um Deus para conferi-la. 

Sartre fala isso porque é cidadão da Europa livre e democrática. Contudo, uma pessoa que nasce em uma ditadura ou país fechado, que impõe à sua população uma religião, dificilmente ela será um projeto de si mesmo ou será aquilo que gostaria de ser. Muitas pessoas, também, já nascem com problemas de saúde ou defeitos físicos que as impedem de serem o que gostariam de ser. O homem caído não é livre. Quando não é prisioneiro de contingências da vida, é prisioneiro de suas paixões. Logo o mistério do homem permanece.

A ciência constitui outro meio pelo qual o homem procura entender seu ser e a razão de estar no mundo. Para ela o ser humano nada mais é que um produto da evolução da matéria no tempo. Mas essa é uma resposta pouco satisfatória, pois a ideia evolucionista ainda não ultrapassou o status de teoria. Ainda não há provas de que a vida tenha se originado a partir da matéria inerte, não viva, ou de uma célula inicial resultante de reações químicas espontâneas e aleatória (abiogênese). Isso requereria um milagre tão extraordinário quanto o que afirma o texto bíblico. É relevante lembrar que a ciência nunca observou a abiogênese acontecendo, na natureza, nem foi capaz de criar uma forma de vida por meio de experimentos controlados. 

“O fato de os seres vivos apresentarem semelhanças morfológicas, bioquímicas e genéticas não implica, obrigatoriamente, que eles tenham vindo de um ancestral comum. Isso envolveria uma “evolução acima do nível de espécie”, um processo, puramente, teórico e nunca observado diretamente. Seria algo como um macaco evoluir para um ser humano. Tal hipótese é estudada, apenas, por meio da análise de fósseis e de pesquisas sobre semelhanças e diferenças na morfologia dos organismos, estudos esses incipientes, frágeis e com conclusões pouco precisas” [2]. 

Mas quando o salmista faz a pergunta “que é o homem?”, ele não a faz por desconhecimento. Ele sabe muito bem o que é o homem, sua origem, seu destino e sua razão de estar no mundo. Ele a faz como forma de exaltação a Deus, que embora sendo o Criador de todas as coisas, importa-se com o ser humano. Para o salmista não há dúvida: o homem tem origem em Deus e foi feito “pouco menor que os anjos”, com glória e honra e o domínio sobre toda a criação (Gênesis 1:26; Salmo 8:5-8).

O Apóstolo Paulo também entende o homem como o salmista. Ele afirma que Deus criou o homem para ser santo e irrepreensível em sua presença “para o louvor da sua glória” (Efésios 1:4,12,14). O homem só se explica na pessoa de Deus, pois segundo texto sagrado foi criado “a imagem e semelhança” dele (Gênesis 1:26). Todo esse questionamento sobre “o que é o homem?” ocorre porque ele está separado de seu Criador. É um ser perdido. Não sabe quem é, de onde veio, para onde vai e nem porque está no mundo. Por isso Paulo diz: “antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livre de qualquer acusação...” (Colossenses 1:21,22). O homem descobre a verdade sobre si, quando volta para Deus, por de Cristo.

Antônio Maia M. Div.

Direitos autorais reservados

[1] SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é Um Humanismo. Petrópolis-RJ: Vozes. 2012 

[2] MAIA, Antônio. O Homem Em Busca de Si – Reflexões Sobre a Condição Humana na Parábola do Filho Pródigo. amazon.com.br

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