DEUS SE REVELOU AO HOMEM
Que saberia a humanidade sobre Deus se Ele não tivesse se revelado?
Mesmo antes de Ele começar a aparecer a certos homens, os seres humanos já
adoravam deuses de sua própria imaginação (Josué 24.2 e 14). Os sumérios, por
exemplo, há cerca de 4 mil anos a.C., cultuavam diversos deuses, dentro de um
sistema religioso que os via como maus, depravados e opressores. Separada de
Deus pelo pecado original, sem a revelação divina a humanidade teria apenas a
idealização de incontáveis divindades, decorrentes do desejo que ela nutre por
seu Criador.
Mas Deus, por seu amor ao ser humano, decidiu a este revelar-se e abri
um caminho pelo qual o homem retornaria à sua condição inicial de santidade e
comunhão com Ele. Foi quando, por volta do ano 2.000 a.C., o Criador apareceu a
Abraão em Harã, na Mesopotâmia, a quem prometeu: “...por meio de você todos os
povos da terra serão abençoados” (Gênesis12:3). Da descendência de Abrão,
nasceria Jesus Cristo que morreria em favor da humanidade.
De Abraão surgiu Israel, um povo que o Criador separou para com ele
relacionar-se e revelar-se. Quinhentos anos depois, Deus se revelou a Moisés
(Êxodo 3), com quem teve um relacionamento profundo, cujo registro constitui os
cinco primeiros livros da Bíblia, a Torá. Em seguida, ao longo de um milênio,
Ele apareceu a certos homens de Israel, trazendo palavras específicas para a
nação e outras relativas à humanidade. Contudo, da metade do século V, antes de
Cristo, até João Batista, o último profeta, Ele se calou. No nascimento de
Jesus Cristo, contudo, Ele se revelou em plenitude, pois esse evento constitui
a entrada do próprio Deus no mundo.
Hoje, a humanidade dispõe da Revelação divina, mas vive como na época
dos sumérios, adorando milhares de deuses, proclamados nas incontáveis
religiões que ela criou. Isso ocorre devido ao fato de a Revelação ter vindo ao
mundo numa lógica contrária à humana, de modo que a humanidade a tem, mas não
acredita. Ela é loucura para o homem, pois Deus escolheu as coisas
insignificantes e desprezíveis deste mundo para nelas se revelar (1Cor
1:18-31).
Veja o que diz o Apóstolo Paulo: “Mas Deus escolheu as coisas loucas do
mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as
desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém
se vanglorie diante dele” (1Coríntios 1:27-29).
Fazendo assim, Deus tira do homem a capacidade de ele ser salvo por seus
próprios esforços. O homem não pode se vangloriar que alcançou a salvação de
sua alma. Tanto é verdade que Paulo diz: “visto que, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar
aqueles que creem por meio da loucura da pregação” (1Coríntios 1:21).
Por essa razão, a Revelação foi dada a um povo escravo no antigo Egito
que depois foi dominado por sucessivos impérios mundiais. Jesus Cristo, o Filho
de Deus, nasceu numa insignificante província romana, em uma estrebaria e a
única vez que entrou num palácio foi para ser torturado e, depois, ser levado à
cruz. Desse modo, um manto de improbabilidades, segundo a razão humana, cobre a
Revelação divina de modo que ela só pode ser aceita pela fé. A fé, porém, põe o
homem na condição de dependência de Deus, algo que ele não aceita, pois quer
estar no controle de sua própria vida e, por isso, considera a Revelação divina
improvável de ser verdadeira.
Aí está a dificuldade do homem pecador de aceitar a mensagem do evangelho. No entanto, não poucos têm recebido essa mensagem em seus corações e têm experimentado o que Jesus chamou de o “novo nascimento” (João 3). Essas pessoas, por ação do Espírito Santo, têm sido transformadas espiritualmente, o que o Apóstolo Pedro chama de “gerados de novo” (1Pedro 1.3). Um nascimento para Deus, para as coisas espirituais. Constituem a Igreja de Cristo, o povo que vai viver com Ele em “novos céus e nova terra” (Apocalipse 21).
Antônio Maia – M. Div.
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