A FAMÍLIA TERRENA DE JESUS
“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias
maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias
falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e
por meio de quem fez o universo” (1.1,2). São nesses termos que o autor de
Hebreus mostra que houve um processo de revelação divina ao homem ao longo da
História. Esse processo culminou com a entrada do próprio Deus na humanidade
por meio do nascimento do menino Jesus, que foi concebido, no ventre de uma
virgem sem participação masculina, pelo Espírito Santo (Lucas1.26-35). Este
texto trata sobre a família terrena de Jesus de acordo com o que consta,
estritamente, nos evangelhos.
José, a julgar por seu caráter de homem justo e
santo, que não hesitou em receber Maria como esposa após a experiência de um
sonho em que um anjo lhe avisava que ela estava grávida por ação do Espírito de
Deus (Mateus1.19-21), deve ter tido um bom relacionamento com Jesus. Segundo Lucas,
ele o educou no amor ao Senhor. Circuncidou Jesus, conforme a lei judaica, e
todo ano o levava a Jerusalém para a festa da Páscoa (2.21,41). Ensinou também
a Jesus o ofício de carpinteiro (Mateus13.55), mas deve ter morrido cedo, pois
os evangelhos fazem pouca referência ele e, inclusive, não estava presente na
crucificação.
Quanto a Maria, o pouco que os evangelhos
apresentam mostra que ela o amou e cuidou dele como mãe dedicada. Embora não imaginasse
o desfecho que a vida dele teria, isto é, sua morte e ressurreição, tinha
consciência de sua natureza espiritual por causa da visão com o anjo Gabriel e do
milagre de sua concepção por parte do Espírito. Mas Jesus sempre teve uma
postura independente, em relação a ela, quando o assunto era a sua missão. Isso
pode ser observado nas palavras dirigidas a ela, em duas oportunidades: “Não
sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lucas2.49); “que temos nós em
comum, mulher?” (João2.4). Na cruz, antes de morrer, sabendo da fragilidade da
mulher na sociedade judaica de sua época, entregou ela aos cuidados de João, tanto que esse Apóstolo escreveu: "daquela hora em diante , o discípulo a levou para a sua casa" (João19.26,27).
Segundo Mateus, após o casamento com Maria, José “não
teve relações com ela enquanto ela não deu à luz” a Jesus (1.25). Depois, José
e Maria tiveram filhas e filhos. Mateus e Marcos citam os nomes dos filhos: Tiago,
José, Simão e Judas (Mateus 13.55; Marcos6.3). Estes, segundo os evangelhos,
não o compreendiam e nem criam nele (João7.1-9). Sua atuação como pregador, em
meio às multidões, dizendo que Deus era seu Pai e ensinando sobre um Reino de
outro mundo, causava certo incômodo e constrangimento. Certa vez, viajaram a
Cafarnaúm para levá-lo para casa “à força, pois diziam: Ele está fora de si” (Marcos3.21).
Contudo, esse quadro mudou, radicalmente, após a
ressurreição, pois Jesus, ressurreto, apareceu a seu irmão Tiago (1Coríntios15.7).
Este tornou-se “coluna” na Igreja de Jerusalém (Gálatas1.19; 2.9) e autor de um
livro do Novo Testamento que leva o seu nome. Judas, outro irmão de Jesus,
segundo estudiosos é o autor de outra carta do Novo Testamento. De acordo com o
evangelista Lucas, toda a família compreendeu e se converteu a Cristo, após sua
ressurreição (Atos1.14) e Paulo, escrevendo aos Coríntios, dar a entender os “irmãos
do Senhor” em atividade missionária (1Coríntios9.5).
Essas informações falam sobre a humanidade de Jesus
Cristo, contudo, antes de sua encarnação, “embora sendo Deus, não considerou
que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se ...
tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses2.6,7). Jesus fez isso porque
“era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os
aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a
Deus, e fazer propiciação pelos pecados do povo. Porque, tendo em vista o que
ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também
estão sendo tentados” (Hebreus2.17,18).
Antonio
Maia – M. Div.
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