OS MILAGRES DE JESUS
Diversos
profetas do Antigo Testamento realizaram milagres em seus ministérios. Moisés,
por exemplo, fez jorrar água de uma rocha para matar a sede povo no deserto
(Êxodo17.1-7) e o profeta Elias ressuscitou o filho de uma viúva (1Reis17.7-24).
Contudo, ninguém fez tantos milagres quanto Jesus. Sobre isso, os comentaristas
da Bíblia Nova Versão Internacional catalogaram, nos evangelhos, 35 milagres
que Jesus operou durante sua atuação em Israel. E não foram milagres simples, pois
vão desde a cura de leprosos, paralíticos, cegos até a ressurreição de mortos[1].
Esse
aspecto da ação de Cristo incomoda a muita gente que, por causa de uma visão
racional do mundo, não acredita em milagres. Para Kant, por exemplo, “passagens
da Bíblia que pareciam transgredir os limites da credibilidade racional deveriam
ser interpretadas de modo alegórico e não literal, e serviriam para fornecer
incentivos ao que eram, em essência, ideais morais”[2]. Ou seja, esse filósofo
alemão, em sua obra, anulou o caráter transcendente do cristianismo e o reduziu
a uma religião que prega uma boa moral. Contudo, o Filósofo cristão,
dinamarquês, Kierkegaard discordou de Kant, pois entendia como “necessária a
ausência de prova racional” para os milagres, visto que o “cristianismo é
inerentemente paradoxal e resistente à razão humana”[3].
Os
milagres são alterações da realidade concreta, de ordem espiritual, que violam
as leis naturais do mundo e não encontram explicação na razão humana. São
evidências da divindade de Cristo que mostram que Ele tinha poder sobre
enfermidades (curas), seres espirituais das trevas (exorcismos), sobre a
physis, isto é, a natureza (andar sobre águas, acalmar tempestades, multiplicar
pães) e sobre a morte (ressurreição de pessoas mortas). Cito também que Jesus
Cristo tinha, ainda, um poder muito mais excelente que os anteriores: o poder
para perdoar pecados (Mateus9.2,6).
Jesus
não foi um moralista e o cristianismo não é uma construção humana, uma religião
inventada pelo homem para trazer uma grande moral à humanidade. É, antes, Deus
entrando no mundo para restaurar, no homem, a sua condição original de
perfeição perdida na Queda. Desse modo, os milagres que Jesus realizou eram
inevitáveis por causa de sua natureza divina e sua compaixão pelo ser humano
que estava mergulhado em sofrimento. João escreveu que Jesus, levantando os
olhos e vendo a multidão que o seguia, foi comovido e decidiu alimentá-la o que
resultou na primeira multiplicação de pães (6.1-15).
Mesmo
depois de sua morte, Jesus continuou operando milagres por meio dos apóstolos e
discípulos. Atos, capítulo 3, por exemplo, mostra Pedro curando, em nome de
Jesus, um aleijado de nascença, que ficava sempre à porta do templo. Paulo
também, em Trôade, ressuscitou um jovem de nome Êutico (Atos20.7-12). Homens sérios como Pedro, Paulo e os demais apóstolos não consentiriam uma mentira. Os milagres de Jesus realmente aconteceram, foram fatos concretos. Mesmo
hoje, na sociedade científica e tecnológica em que vivemos, os milagres de Deus
acontecem na vida daqueles que, imersos em dor, sofrimento e angústia,
depositam sua confiança em Deus e clamam por um milagre.
Mas
seria um erro grave pensar que Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo
para fazer milagres. João narra, em seu evangelho, um episódio em que Ele foi
até um tanque de nome Betesda, em Jerusalém, onde ficavam muitas pessoas
doentes e inválidas à espera de um milagre. Vendo aquelas pessoas, Ele curou
apenas um homem e não todas (5.1-15). O evangelista João sempre se refere aos
milagres de Jesus como “sinais” que apontam para algo maior: O Reino de Deus.
Os milagres de Jesus são vislumbres do Reino que Ele veio implantar. Um reino
onde Deus “enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem
tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Apocalipse21.4).
Antônio Maia – M.Div
Direitos autorais reservador
[1] Bíblia Nova Versão
Internacional. São Paulo, Ed Vida, p.1790
[2] GARDINER, Patrick. Kierkegaard.
São Paulo, Edições Loyola, p.31
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