EM BUSCA DE SI


Apresento aos amigos leitores do blog um trecho do meu livro (ebook), publicado na amazon.com.br, O Homem Em Busca de Si - Reflexões Sobre a Condição Humana na Parábola do Filho Pródigo.

Desterrado de seu mundo original, o homem procura, desesperadamente, encontrar-se. Ele não sabe o que ou quem ele é, sente-se “uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade... não é apenas uma simples criatura animal... mas também um espírito”[1]. Esta é a complexa natureza do homem: matéria unida a um espírito e, ainda mais, um espírito caído.

Por causa da Queda, o ser humano é um ser disforme, uma síntese de trevas e luz, de ódio e amor, de violência e mansidão, de profano e santo. É uma obra de arte deteriorada. É belo, mas o dano que há nele rouba a sua glória. Essa indefinição o torna incompreensível a si mesmo e, por isso, procura definir-se em um eu de sua criação. 

Blase Pascal, em sua obra Pensamentos, escreveu: “a criatura humana não passa de um tecido de contradições, mistura indissolúvel de baixeza e grandeza, um ser digno, ao mesmo tempo, de desprezo e de amor e honra. Um ser eternamente em conflito consigo mesmo...”[2].

Seria essa uma visão negativa do ser humano? Não, é a realidade pós-Queda, o efeito de sua separação daquele que o criou. O Apóstolo Paulo, ao escrever aos Romanos, disse: “não há nenhum justo, nem um sequer ... pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus...” (Romanos 3.10,23).

É fato que o ser humano olha para si e vê que o seu eu é indefinido, um misto de corrupção e perfeição. Então, procura recriar-se em um novo eu que lhe traga a felicidade. Isso vai envolver a formação de uma imagem agradável a si mesmo e aos outros, assim como o desempenho de papéis que lhe confiram admiração, reconhecimento e sentido para a vida. 

Pascal explicou essa necessidade humana: “não nos contentamos com a vida que temos em nós e em nosso próprio ser; queremos viver uma vida imaginária na imaginação dos outros e, para tanto, esforçamo-nos em fingir. Trabalhamos incessantemente para conservar e embelezar nosso ser imaginário, negligenciando o verdadeiro ... a grande marca do vazio de nosso próprio ser é não estar satisfeito com um sem o outro e trocar muitas vezes um pelo outro”[3].



[1]    KIERKGAARD, Sören. O Desespero Humano. Ed Martin Claret, São Paulo - SP, 2001, p.19,57
[2]    PASCAL, Blaise. Pensamentos. Ed Abba Press, São Paulo, 2002, p.25
[3]     PASCAL, Blaise. Pensamentos. Ed Abba Press, São Paulo, 2002, p.86
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