INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E FÉ





É fato que a humanidade atingiu um grau de desenvolvimento científico e tecnológico sem precedente na história. No campo da Inteligência Artificial (IA), por exemplo, já se observa o emprego de tecnologias em áreas como saúde, astronomia, indústria, economia, cultura, política, guerra. A robótica já está presente em salas cirúrgicas de hospitais e tem auxiliado pessoas com mobilidade reduzida ou mesmo paralíticas a andar. Mas um fato de impacto nas relações humanas foi a criação, em 2016, do robô humanoide Sophia, pela empresa Hanson Robotics, que é capaz de reconhecer rostos, reproduzir 62 expressões faciais, aprender, conversar e trabalhar com seres humanos.

Esse campo da ciência, a Inteligência Artificial, tem sido objeto de reflexão filosófica, pois apresenta implicações, entre outras, de natureza ética e moral. Ele se vincula, remotamente, aos estudos do filósofo, francês, René Descartes (1596-1650) que foi o primeiro a formular o problema mente-corpo, no século XVII. Esse estudioso entendia o homem como criação divina no dualismo alma (mente) e matéria. Segundo Descartes a alma é uma entidade espiritual e eterna. Já a realidade material pode ser expressa por quantidades passíveis de mensuração mecânica.

No entanto, para os estudiosos da Inteligência Artificial, a mente não constitui uma instância distinta do corpo. Em uma visão reducionista do homem, esses estudiosos o veem apenas como um organismo material. A mente seria tão somente produto da organização funcional do cérebro. Nesse contexto, um objetivo da IA é desenvolver um cérebro artificial, mecânico, uma máquina que pensa. Muitos filósofos, contudo, entendem que é demasiado chamar de mente um processo mecânico ou eletrônico de regas e respostas. Assim, consideram difícil o desenvolvimento de uma máquina que tenha consciência de si, intencionalidade, vontade, arrependimento e outros sentimentos humanos.

Sob a ótica da Teologia, a Inteligência Artificial é passível de ampla análise, levando em conta variável espectro de considerações e conceitos. Falando, porém, apenas no que tange às origens, a IA é fruto daquele desejo adâmico de o homem ser “como Deus” (Gênesis 3:5). O ser humano quer ser Deus e criar um mundo todo seu. Um mundo material, onde não há espaço para a Divindade. Outro aspecto a ser dito sobre a IA é que o homem, criado “à imagem e semelhança” de Deus (Gênesis 1:26), é dotado de criatividade. Assim, ele tem o desejo de fazer coisas novas. Mas as suas criações não são “ex-nihilo”, isto é, “do nada” como só Deus realiza. Tudo que ele faz é a partir de algo que já existe.

Por outro lado, cabe destacar que a marca da ciência humana é a sua imperfeição. Seu resultado nunca é completo e perfeito; é sempre uma aproximação. Por exemplo: o remédio que cura determinado problema tem efeitos colaterais e pode causar outros danos. Esse aspecto pode ser também observado no uso da energia nuclear. Do mesmo modo como ela pode ser usada para o bem, na medicina, pode também ser empregada para o mal em uma guerra nuclear.

Escrevendo sobre esse assunto, Zilles (2016, p.209) afirma que, segundo o importante filósofo da ciência Karl Popper, “o conhecimento é sempre imperfeito, mas perfectível. A verdade absoluta, todavia, está fora de nosso alcance... todas as nossas teorias científicas apenas são tentativas de aproximação da verdade da qual ninguém dispõe”. Assim, a ciência, na qual o homem tanto confia, é imprecisa e apresenta sempre a marca da corrupção: tem seu lado bom e seu lado ruim.

A reflexão sobre a Inteligência artificial leva, inevitavelmente, o pensamento para o fim da profecia bíblica. Segundo o profeta Daniel, “no tempo do fim”, haverá grande busca por conhecimento (Daniel 12:4). Não é difícil concluir que o homem vive esse tempo. Atualmente, a produção de conhecimento, em todas as áreas, ocorre de forma assustadora. Assim, é inevitável a reflexão sobre a relação do avanço científico e a profecia do Apocalipse. 

A leitura dos primeiros quatro "selos" (Apocalipse 6:1-8) passa a impressão de que o desenvolvimento científico prepara o cenário do fim do mundo. Deus usará o próprio estado de beligerância que existe entre as nações e o avanço científico para desencadear seus atos de juízos sobre o sistema humano (Apocalipse 6:1-4). Não é por acaso que, no livro de Pedro, consta: “os céus serão desfeitos pelo fogo e os elementos se derreterão pelo calor" (2 Pedro 3:12,13). Isso é inevitável que aconteça, pois é plano de Deus o fim desse mundo que se formou após a Queda, isto é, após o pecado original para que Ele estabeleça "novos céus e nova terra" e uma nova ordem mundial, onde um extrato da humanidade viverá, novamente, em sua presença (Apocalipse 21 e 22).

Antônio Maia – M. Div

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