A TRIUNIDADE DE DEUS
Que sabemos sobre Deus? Todo dia fechamos nossos olhos para orar, mas
nem sempre nos damos conta de que estamos falando com o Criador. Todo domingo
vamos ao templo para adorá-lo e, lá, cantamos, ofertamos, ouvimos a homilia,
mas fazemos tudo de um modo tão automático que nem percebemos que estamos
adorando a Deus. Temos uma percepção e uma consciência muito fraca de Deus em
nossa vida de adoração. Isso ocorre porque não o conhecemos, não temos
intimidade com Ele, pois Ele não constitui o centro de nossa devoção. Muitas
vezes praticamos os atos de devoção para a nossa particular satisfação. Agimos
assim porque vivemos para nós mesmos e pouco pensamos sobre Ele. Deus não está
na base de nosso pensamento
Um aspecto do “ser” de Deus é que Ele é uma Trindade, isto é, é um Deus
em três pessoas, três seres distintos. Não se trata de três deuses como no
paganismo, mas de um único Deus em três pessoas coiguais e coeternas que
compartilham da mesma essência. Esse é um ensino do Antigo Testamento, a ênfase
de que há um só Deus. Veja a fórmula: “o SENHOR, o nosso Deus, é o único
SENHOR” (Deuteronômio 6:4). Mas, ao mesmo tempo, ele revela o mistério de que
Deus é uma pluralidade. Assim, em Gênesis 1:26, temos: “façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”. Observe o verbo no plural. O mesmo pode
ser notado em 11:5,7: “O SENHOR desceu para ver a cidade... venham, desçamos e
confundamos a língua que falam...”. Deus é uma comunidade de Três pessoas.
Esse aspecto do “ser” de Deus é também observado no Novo Testamento. Por
exemplo, ela, a Trindade, estava presente no batismo de Jesus (Mateus 3:13-17).
Jesus, na água, para ser batizado; o Pai que aparece na voz que diz “este é o
meu Filho amado, de quem me agrado”; e o Espírito que desce, sobre Jesus. O
Novo Testamento é rico no tocante a essa questão da Trindade. Outro exemplo que
revela a Trindade santa é a seguinte declaração de Jesus, perto do fim de sua
vida, falando aos discípulos: “e eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro
Conselheiro para está com vocês para sempre, o Espírito da verdade” (João
14:16).
Não apenas o Pai é Deus, mas também o Filho e o Espírito. O Apóstolo
Paulo, escrevendo aos Efésios, disse sobre Jesus: “seja a atitude de vocês a
mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a
Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo vindo a ser
servo” (Filipenses 2:6,7). Tomé ao tocar nas marcas da crucificação de Cristo,
ressuscitado, exclamou: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28). E quanto ao
Espírito? Aos Coríntios, Paulo disse, certa vez: “o Senhor é o Espírito e, onde
está o Espírito do Senhor, ali há liberdade” (2Coríntios 3:17). Pedro ao
advertir Ananias, disse: “como você permitiu que Satanás enchesse seu coração,
ao ponto de você mentir ao Espírito Santo... Você não mentiu aos homens, mas sim
a Deus” (Atos 5:3,4).
No entanto, é preciso cuidado para não cair no erro de pensar que o
Filho e o Espírito são subordinados ao Pai (subordinacionismo) ou que eles são
modos de operar do Pai (modalismo). São três pessoas distintas, três seres
coeternos que compartilham da mesma essência, da mesma substância. Segundo
Calvino, “ao Pai é atribuído o início da atividade, e a fonte e o manancial de
todas as coisas; ao Filho, sabedoria, conselho e a disposição ordenada de todas
as coisas; mas ao Espírito é designado o poder e a eficácia de toda essa
atividade (CALVINO apud HORTON, 2016, P.309).
Esse é só um aspecto do mistério do “ser” de Deus. Temos dificuldade
para compreendê-lo: “um Deus em três pessoas”. São três pessoas profundamente
unidas em comunhão plena de amor, conceito esse que ainda não entendemos. É da
natureza de Deus ser três. Quando dois ou mais seres humanos se aproximam, logo
se estabelecem relações e sentimentos de ódio, inveja, desunião e ciúme. É a
natureza humana caída e marcada pelo pecado original. Mas a compreensão da
Trindade nos eleva à adoração trinitária, onde o Pai nos atrai, o Filho é o
modelo e o conteúdo da adoração que dirigimos a Ele e o Espírito nos ajuda em
nossa dificuldade de adorá-lo.
Antônio Maia – M. Div.
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