O SER HUMANO ANSEIA POR DEUS

 



O salmista compara o homem, que conhece a Deus, à corsa pelo fato de ela buscar sempre as fontes de água, que lhe garantem o refrigério e a vida. Assim, ele diz: “como a corsa anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” (Salmo 42:1). Contudo, esse desejo do ser humano pelo Criador não diz respeito apenas àqueles que o amam, mas a toda humanidade caída.

Esse fato pode ser observado no exorbitante número de religiões e concepções divinas que existem no mundo. Em todos os povos e culturas, nota-se essa marca humana da religiosidade. Há uma sede de Deus, no homem. Traços e aspectos do Criador, no ser humano, provocam nele uma saudade de Deus. Mas, por causa de sua condição de pecado, sua expressão religiosa constitui, apenas, uma criação própria carregada de impressões equivocadas e percepções do mundo criado, sem jamais alcançar o verdadeiro Deus.  Seus deuses são, apenas, imagens do que é existente. 

Mesmo em religiões ditas cristãs observa-se essa desconexão entre a práxis religiosa e o Reino espiritual de Deus. Camadas de tradição religiosa encobrem o core revelado, de modo que se fala em Deus, Jesus e outros aspectos da Revelação, mas o que vale, mesmo, são as tradições da instituição e a teologia da classe dominante. O evangelho de Cristo é mero detalhe. O que ocorre nessas religiões não passa de religiosidade morta e seus seguidores nunca tiveram um encontro real com Deus. Embora muitos, expressem profunda religiosidade, fazem isso apenas no âmbito da forma, da liturgia e da tradição e, desse modo, nunca alcançam o Pai, o Filho e o Espírito. Muitos outros são, apenas, cristãos nominais.

É nesse ponto, que muitos, guiados por uma razão mais criteriosa, chegam a afirmar que Deus não existe e que a religião não passa de inutilidade. Pois, ali, onde deveria haver vida, nada há; onde deveria haver verdade, só existe criação humana. Contudo, mesmo com todo o seu poder e sua influência sobre a sociedade, esses homens não conseguem evitar que a humanidade insista na religiosidade, pois grande é a angústia de viver separado do Criador. Alimentar a ilusão religiosa ameniza essa dor, mas isso só afasta, cada vez mais, o homem de Deus. Pois Deus não está na religião, mas na Revelação de Si ao pecador.

Aqueles, porém, que tiveram a experiência de renascer para Deus, pela ação do Espírito em seu ser (João 3), são saciados, em seu íntimo, pela presença de Deus, ainda que tênue, em suas expressões de culto. Sim, é preciso “nascer de novo”, nascer para Deus, para as coisas espirituais, como disse Jesus. Tênue porque, como diz o Apóstolo Paulo, “agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro... mas, então, veremos face a face” (1Coríntios 13:12). Por isso, os cristãos, em suas angústias, dores e tristezas decorrentes da Queda, impelem-se para Deus, pois sabem que nele encontrarão refrigério para a alma. É como disse Davi: “busquei o Senhor, e Ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores” (Salmo 34:4). 

Mas os cristãos anseiam por Deus não apenas por causa de suas dores. O próprio ser de Deus os atrai. Sua perfeição, sua eternidade, sua glória, seu poder, seu amor, sua santidade atraem o ser humano, criado à sua “imagem e semelhança”, a Si, pois é isso que, no fundo, ele deseja. A criatura quer ser como o Criador e estar ao seu lado. O homem sem Deus, porém, não alcança a plenitude dessa experiência, pois trilha por uma justiça própria, desprezando a divina (Romanos 10:1-4). Mas o cristão, que já se encontra religado a Deus, pela ação do Espírito, por sua fé no sacrifício de Cristo, já enxerga Deus, ainda que em “um reflexo obscuro”... Ele sabe, contudo, que um dia O verá “face a face” (1Coríntios 13:12). 

O que o cristão vê quando adora a Deus? O que o impele a essa busca incessante por Deus? Aqueles cujos “olhos do coração” foram iluminados para verem a realidade espiritual (Efésios 1:18), ainda nesta vida, não devem incomodar-se com a incompreensão e, às vezes, o ódio a seu respeito por parte daqueles para os quais Deus não existe. Eles não conhecem a Deus (João15:18-25). Eles não alcançaram a fé e, portanto, não compreendem o amor e o anseio por Deus. É como disse o Apóstolo Paulo: “a fé não é de todos” (2Tessalonissenses 3:2). 

Antônio Maia – M. Div.

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