COMPREENDENDO GÊNESIS 1
O leitor iniciante da Bíblia ou alguém que, fortuitamente, resolve lê-la pode encontrar certas dificuldades logo em sua primeira página. Como entender, por exemplo, que Deus criou o universo em apenas seis dias? E como pode a luz ter sido criada no primeiro dia se os corpos celestes que a irradiam só surgiram no quarto? Essas e outras questões podem desanimar o leitor que ainda não foi educado no conhecimento da Revelação divina.
É compreensível que uma pessoa de nossos dias leia certas passagens bíblicas e não encontre nelas sentido. Isso ocorre porque ela vai ao texto sagrado com as lentes do mundo de sua época. Seu pensamento é formatado com os pressupostos de uma sociedade científica e tecnológica, bem diferente daquela para a qual os textos bíblicos foram escritos. Gênesis 1 é um texto antiquíssimo que pode ter cerca de 3,5 mil anos e que foi destinado a uma comunidade de escravos hebreus, no antigo Egito.
Os anseios e as expectativas dos primitivos leitores e dos atuais ante às Escrituras são muito diferentes. Hoje, espanta-nos a afirmação de que Deus criou tudo em apenas seis dias, visto que dispomos de um acervo de conhecimento científico que atesta a existência da Terra e do Universo em um remoto período de tempo. Vamos a Gênesis 1 com esse conflito, pois é algo que nos incomoda e sua solução é importante para a nossa fé. Sem percebermos, fazemos uma leitura científica daquela narrativa.
Com certeza os primeiros leitores da primeira página da Bíblia fizeram leituras diferentes, com outros anseios e viram algo muito mais elevado: Deus. Gênesis primeiro não trata de Ciência. Ele não traz detalhamentos e comprovações de como Deus criou todas as coisas. Não era essa a intenção do autor. Sem dúvida, a criação do mundo é uma ideia forte em Gênesis 1 e o homem atual, cheio de ciência, facilmente percebe isso. Mas, na perspectiva dos hebreus, escravos no Egito, seria essa a visão que eles tinham deste texto?
Certamente, não. Quando eles liam a primeira frase da Bíblia, “no princípio criou Deus os céus e terra”, possivelmente, enxergavam o Deus, Criador, distinto da criação, diferente dos deuses de sua época. Os egípcios, por exemplo, adoravam como deuses o sol, o rio Nilo e certos animais. Nenhuma nação conhecia YAHWEH. Assim, a primeira linha da Bíblia tinha um sentido confortador para seus primeiros leitores. Ela revelava Deus, que é acima de todos os outros. E esse Deus era o seu libertador. Desse modo, embora a Criação seja uma ideia forte, em Gênesis 1, há, porém, há um sentido mais sublime: apresentar o verdadeiro Deus e Criador.
Antônio Maia – M.Div.
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