DEUS EM BUSCA DO HOMEM


No século XVII, desenvolveu-se, entre alguns filósofos ingleses e franceses, um influente pensamento filosófico que afirmava, pela via da razão, a existência de Deus. Esse movimento, que depois foi chamado de Deísmo, encontrou forte apoio nas obras de eminentes cientistas da época, tais como o italiano Galileu Galilei (1564-1642) e o inglês Isaac Newton (1643-1727). Embora essa doutrina filosófica apresentasse a virtude de reconhecer a existência divina, constituía, entretanto, apenas um esforço racional para explicar a existência. No fim, seus conteúdos lançaram as bases do moderno ateísmo. Segundo os deístas, Deus criara o mundo, mas depois o deixara à mercê de seus mecanismos e não mais interveio nele. 

É claro que o Deísmo tem sua importância “na busca da compreensão do homem no mundo” [1], contudo, é inegável que a razão, alicerce sobre o qual ele se ergue, tem seus limites e não atinge todas as instâncias da questão. Desse modo, fica evidente a insuficiência de alcance que essa posição filosófica tem para explicar, plenamente, o que pretende. No final, será preciso fé para aceitar suas propostas. Como contraponto à via racional, há a Revelação dada por Deus, inicialmente, a um homem da mesopotâmia e, depois, a seus descendentes que a registraram no que, hoje, é conhecido como Sagradas Escrituras, a Bíblia.  

De fato, ao observar a humanidade mergulhada na dor e no sofrimento a impressão que fica é que não existe Deus. Mas, de acordo com as Escrituras, esse estado de coisas, que vemos no mundo, só se estabeleceu após a Queda, após o homem agir, pela primeira vez, segundo sua própria autoridade e não a divina. Deus, porém, não ficou indiferente: Ele veio até ao Éden conversar com o homem e decidiu expulsá-lo de lá porque ele perdeu o direito de comer da “árvore da vida”, símbolo da comunhão do homem com Deus, comunhão essa que fornece os nutrientes a vida do homem como originalmente foi criado (Gênesis3.9,22-24). Foi a primeira intervenção divina na humanidade, após a Queda. 

Fora do Éden, longe da presença de Deus, o homem adentrou em uma nova realidade de existência: este mundo em que vivemos. Mas, segundo estudiosos, por volta do ano 2.000 a.C., YAHWEH apareceu, Ele próprio, a Abraão e, cerca de quinhentos anos mais tarde, pessoalmente, a Moisés. Depois, com o decorrer do tempo, Ele se revelou a homens judeus, os profetas, lançando as bases de um evento maior: a sua encarnação na História. Sim, nos dias de Cesar Augusto, imperador romano, e Quirino, governador da Síria (Lucas2:1,2), Deus se fez homem e andou entre nós e, no fim de sua vida, abriu o caminho que leva o homem de volta ao Éden, isto é, para "um novo céu e uma nova terra", um mundo sem pecado e sem sofrimento como no início (Apocalipse 21.1-5). Esse caminho é sua morte e ressurreição. Esses eventos, morte e ressurreição, marcam o clímax da intervenção divina no mundo.

Então quando vemos o mundo em que vivemos, mergulhado no sofrimento, notamos que não há nada de errado com ele, mas sim com o homem. O mundo é lindo, mas o homem, longe de Deus, o transformou em um local de dor e angústia. O Apóstolo Pedro escreveu em sua segunda carta: “...os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios” (3.7). De acordo com as Escrituras, o grande problema humano não é de ordem material, mas espiritual. Deus não está indiferente ao mundo. Seu movimento em direção ao homem já resolveu o grave problema em que o ser humano se colocou, que é passar sua eternidade separado de Deus, no Hades. Mas o homem precisa se apropriar dessa solução, aproximando-se de Deus, pela fé, no sacrifício de seu Filho, Jesus Cristo.

ANTÔNIO MAIA

DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

[1] MAIA, Antônio. O Homem Em Busca de Si – Reflexões Sobre a Condição Humana na Parábola do Filho Pródigo.


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