A INFLUÊNCIA DOS CANANEUS EM ISRAEL












É possível que alguns, ou talvez muitos, leitores do blog não tenham gostado dos textos Consumismo e Ativismo Religiosos e Uma Nova Estética Religiosa, pois neles discorro sobre a influência da ideologia neoliberal na vida da igreja e dos cristãos. Como citei e comentei algumas fraquezas da igreja atual, é provável que me tenham tomado por presunçoso. Mas o evangelho ensina, como no caso do filho prodigo (Lucas15.11-32), a olharmos para nós mesmos, vermos onde temos errado e nos voltarmos para Deus. A igreja e seus líderes precisam fazer isso. 

O homem é, em essência, um ser relacional. Está sempre em contato com o outro em constante troca de experiências e vivências. Por esse motivo, o cristão é chamado por Jesus para adotar uma posição de influência. Ele disse: “vocês são o sal da terra ... vocês são a luz do mundo” (Mateus5.13,14). Embora seja inevitável que não sejamos moldados pelo meio, isso não deve chegar ao ponto de desfigurar a vida espiritual que alcançamos em Cristo e tornar irrelevante a Igreja para a sociedade. Mas o risco existe. Nota-se, hoje, na Igreja, um desejo de “sucesso” não tocante à vida espiritual, mas relativo ao modelo do mundo.

No período do reinado, no século VII a.C., Israel assimilou tão profundamente o estilo de vida cananeu que Deus permitiu a sua destruição pelos assírios (722 a.C.) e babilônios (586 a.C.) para que um remanescente redescobrisse, no exílio, sua identidade de “povo eleito”. Ao que parece, não havia ensino das Escrituras ao povo, por aquela época, pois o “Livro da Lei” estava perdido nos aposentos do templo até que, em 622 a.C., foi encontrado pelo sacerdote Hilquias, o que resultou em um avivamento espiritual (2Reis22.8).

Naqueles anos de apostasia, introduziram, no templo, elementos do culto a Baal e Aserá que consistia em orgias sexuais e sacrifícios humanos. O rei Manassés (697-642 a.C.), por exemplo, construiu, nos dois pátios, altares para “os exércitos celestes” e queimou o próprio filho em sacrifício (2Reis 21.5,6). Havia ainda, no “templo do SENHOR”, um poste sagrado de Aserá, utensílios de culto a Baal e até instalações onde ficavam os “prostitutos cultuais”, que “comiam pães sem fermento junto com os sacerdotes, seus colegas” (2Reis 23.4,5,7,9). O próprio Salomão construiu altares a Astarote, Camos e Moloque, deuses de suas esposas pagãs (2Reis 23.13). 

A ciência, a tecnologia e o materialismo não dispõem de argumentação suficiente para suplantar a beleza, a singeleza e a dignidade da mensagem de Jesus. Então, nós cristãos não podemos nos deixar seduzir pelo sucesso tão valorizado pelo neoliberalismo. O “sucesso” do cristão e da Igreja está em manter-se no evangelho e na humildade do testemunho de Cristo. O Apóstolo Paulo disse: “não nos pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor ... temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que esse poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós”. Que tesouro? A “...iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2Co4.5-7). 

Antônio Maia – M.Div.

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Comentários

Já li um artigo bem interessante, que coloca os tempos do reinado de Acabe como tempos de prosperidade no reino do Norte. Para aqueles que avaliam o sucesso neste mundo como padrão de sucesso espiritual, devem estar cientes que nenhuma prosperidade será aprovada se construída sobre a idolatria e o sangue de justos como Nabote.

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