O AMOR AO PRÓXIMO




Uma das marcas mais forte desse mundo, em que vivemos, é a violência. Sua origem remonta ao início da nova realidade de existência que se instaurou após a Queda; após o ser humano, em uma decisão pessoal, afastar-se de Deus (Gênesis 3). Já nas primeiras páginas da Bíblia, observa-se a narrativa do primeiro homicídio, em que um irmão, premeditadamente, mata o outro (Gênesis 4). Depois, em toda a extensão do Antigo Testamento, observa-se a agressão de pessoas contra pessoas e nações contra nações.

Daquela época até aos dias atuais, a guerra esteve sempre presente na humanidade. O desejo de controlar e subjugar o outro levou o homem à formação de grandes impérios que, posteriormente, enfrentaram-se na busca do poder mundial. Milhões de vidas se perderam em campos de batalhas ao longo da História. A humanidade jamais viveu um período longo de paz. O homem desenvolveu sofisticados métodos e artefatos de guerra que, hoje, pode, se ele desejar, destruir o planeta com o uso do arsenal nuclear disponível em poucas nações [1]. 

Mas a violência contra o próximo constitui grave pecado. “Como o homem é feito à imagem de Deus, todo ser humano é digno de honra e de respeito; não deve ser assassinado (Gênesis 9.6) nem amaldiçoado (Tiago 3.9)” [2]. Note que a Bíblia especifica não, apenas, a agressão física, mas também a feita por palavras. Muitas pessoas, mesmo cristãs, não percebem o erro que cometem ao agredir o outro com falsos testemunhos, atitudes desrespeitosas e palavras ofensivas. 

Com relação a isso, Jesus falou que “qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento...” Qualquer que chamar o outro de “raca”, isto é “cabeça-oca” [3] pode ser levado ao tribunal e “qualquer que disser: “louco” corre o risco de ir para o fogo do inferno” (Mateus 5.22). Para Ele essas ofensas, aparentemente simples, constituem agressões graves, de tal modo que Ele orientou que se alguém estiver no altar para entregar sua oferta, deve antes se reconciliar com a pessoa que ofendeu e, só depois, retornar e entregar a oferta (Mateus 5. 23,24). 

Os judeus, da época de Jesus, achavam que amavam a Deus, pois procuravam cumprir as 613 regras que compilaram da Lei de Moisés [4]. Foi nesse contexto que um mestre da Lei perguntou a Jesus qual era o mais importante mandamento. Jesus respondeu a resposta que o mestre espera ouvir, ou seja: o maior mandamento é amar a Deus sobre todas coisas. Mas Ele, imediatamente, acrescentou que o segundo maior é “ame o seu próximo como a si mesmo” (Marcos 12.28-33). O Apóstolo João também falou sobre isso. Ele disse: “quem afirma estar na luz, mas odeia seu irmão, continua nas trevas” (1João 2.9). 

Estamos, misteriosamente, ligados ao outro. Percebemos isso quando nos constrangemos, e até sofremos, com o sofrimento do outro. Por essa razão, diminuímo-nos, na mesma medida, que diminuímos o outro que ofendemos. É como se fizéssemos parte do outro, pois precisamos dele para sermos nós mesmos. A mãe se sente mãe no filho, o professor se percebe professor no aluno, o médico se entende como médico no paciente. Por isso a relação entre as pessoas deve ser temperada com amor. João disse: “amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1João4.7). Assim, se somos zelosos com os aspectos de nossa fé, mas odiamos ou ofendemos o outro, ainda não aprendemos o básico do que significa ser cristão.

Antônio Maia – M. Div.

Direitos autorais reservados

[1] MAIA, Antônio. O Homem em Busca de Si. Amazona.com.br, posição 1046

[2] Comentaristas da Bíblia Nova Versão Internacional. São Paulo: Ed Vida, p.8

[3] Comentaristas da Bíblia Nova Versão Internacional. São Paulo: Ed Vida, p.1624, 1625

[4] Comentaristas da Bíblia Nova Versão Internacional. São Paulo: Ed Vida, p.1703



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